“Lá está a tal coisa.” Quatro dia após ter completado 91 voltas ao sol, o chefe Rego partiu para o eterno acampamento. Ele que tantas vezes anunciou: “A Norte, a Sul, a Este e a Oeste declaro aberto este Fogo de Conselho”.
O CNE na Meadela celebra 50 anos. Centenas de rapazes e raparigas tiveram o privilégio de passar pelas suas mãos. Aprender com o seu exemplo, dedicação e espírito de serviço. Por isso, partilho algumas memórias com ele…
Quando passei para explorador foi com ele que o meu grupo se preparou para os “juniores”. Escolheu o Diogo para guia de uma patrulha que foi baptizada de Falcão. A mim encarregou-me de guiar a outra patrulha, que escolhemos ser Leão. As reuniões decorriam no auditório, com o Escutismo para Rapazes a orientar. A terminar uma partida de futebol, em que ele era o árbitro. A bola bateu no portão? Amarelo…
Um ano antes desafiou-me a entrar na fanfarra. Na véspera da procissão em Santa Marta perguntou-me se no dia seguinte queria levar a bandeira do agrupamento. O meu “Sim” levou-me a partilhar com ele quilómetros a marcar passo. Primeiro à sua frente, abrindo as procissões com a bandeira, depois na última fila das caixas e por fim voltando para perto dele nos timbalões. Um dia o Malhado e o Flávio faltaram e experimentei o seu estimado bombo.
Fiz parte de um grupo ímpar do escutismo na Meadela. Fiz a minha promessa de caminheiro conjuntamente com 20 colegas e amigos. Mais de 10 continuaram após a Partida no agrupamento a servir e com cinco fiz o CIP, curso que ele fez questão de me inscrever. Se não o tivesse feito naquela altura provavelmente nunca me teria investido, em setembro de 2013, dirigente.
Em novembro de 2017 fui nervoso conversar com ele num sábado. O assunto era novo. Para ele e para mim. Nessa tarde informei-o que ia candidatar-me a chefe de agrupamento. Ele reagiu, obviamente, surpreendido. Disse que contava que alguém tomasse conta do agrupamento, mas estaria mais inclinado para outros nomes, por exemplo o João Abreu . O João estava lá comigo e disse-lhe logo que não, isso não era para ele. O agrupamento escolheu, naturalmente, o Rui para chefe de agrupamento.
Até que chegou a altura em que outra expressão dele fez sentido. “Primeiro está a vossa vida!”. E a vida profissional obrigou-me a escolher entre “ser” ou “estar”. Informei-o na festa de Natal que não iria pagar os censos, pois não queria “estar”. Para mim só faz sentido “ser”. A resposta dele: “Primeiro está a tua vida. Para onde vais viajar agora?”. Para os Emirados, respondi. Viajei. Regressei. Não consegui estar com ele. Voltei a voar.
Há quatro dias fez 91 anos. Ficou a mensagem de parabéns no gravador de chamadas. Daqui a quatro dias é Dia de BP. “Lá está a tal coisa!”
Zé, sem dúvidas as tuas palavras serão a de muitos outros que como nós conviveram com este grande senhor do escutismo local, regional e nacional. Os ensinamentos, as explicações, o estar sempre atento às nossas dificuldades e o apoio que nos dava. A mim propôs-me ser secretário do agrupamento, acompanhei-o a muitas reuniões regionais. Pessoa afável e sempre disponível a ajudar o próximo. Se fosse a colocar aqui todas as memórias de momentos que convivi com este GRANDE SENHOR, estaria imenso tempo a escrever. Vai deixar imensas saudades. Imensas mesmo. Zé obrigado por partilhares esta linda homenagem ao ilustre Chefe Rego
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