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[168] Nasce outra Associação Empresarial

O direito à associação permite que se criem associações para todos os gostos e feitios. Desta vez, regista-se a criação da Associação Empresarial do Minho, uma entidade que pretende representar os empresários dos distritos de Braga e de Viana do Castelo.

Ora, no Alto Minho temos a Associação Empresarial de Viana do Castelo, a Associação Comercial e Industrial de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca, a Associação Empresarial de Ponte de Lima, a Associação Comercial e Industrial dos Concelhos de Monção e Melgaço e a Confederação Empresarial do Alto Minho, que congrega estas quatro. Porém há mais, como a Associação Aliança de Negócios.

Cada associação vive muito da dinâmica dos seus associados e corpos gerentes. Infelizmente, quase todas as associações de empresárias sobrevivem de apoios públicos ou comunitários. Veja-se o exemplo da AEVC, em que se não fosse o forte apoio da autarquia vianense não tinha sede, nem incubadora.

Segundo o que foi dado a conhecer, a nova associação pretende ser diferente, com a recusa de entrada direta de financiamento europeu na AEMinho, esclarecendo o presidente Ricardo Costa que o objetivo é “ajudar as empresas associadas a captar essas verbas para uso próprio”.

Seria bom, para variar, fundos comunitários serem aplicados nas empresas, em vez de desperdiçados em seminários e feiras de interesse dúbio.

[167] Um crescimento impressionante?

Pedro Siza Vieira esteve em Viana para mais um daqueles Conselhos que o município tem criado nos últimos tempos. Este diz ser “Empresarial Estratégico”. O senhor ministro da Economia e da Transição Digital, obviamente, elogiou o trabalho socialista que tem vindo a ser feito, enfatizando um “crescimento muito impressionante que Viana do Castelo e a região do Alto Minho tem tido nos últimos anos.”. Siza Vieira garantiu que Viana do Castelo “duplicou a intensidade exportadora, aumentou o valor acrescentado, aumentou muito o volume de negócios. Tornou-se um dos vinte concelhos mais exportadores do país quando há dez anos atrás estava bastante mais atrás.” Em suma: “é um percurso muito importante”. 

Sem dúvida senhor ministro. 

A beleza da matemática, e dos números, é fazer de qualquer desenho de uma criança do jardim de infância um Picasso. O menino Tomás em outubro não sabia fechar um círculo mas dois meses depois já, ou seja, duplicou a sua capacidade produtiva. A menina Maria em outubro não comia a sopa toda. Três meses depois não consegue passar sem o creme de cenoura da cantina, ou seja, aumentou o valor acrescentado da refeição da cantina para os seus pais. 

Se a uns apenas importam os cenários macro, convém não esquecer nas análises os cenários micro. Sendo a economia uma ciência social, mais do que números, convém neste tipo de análises não esquecer enquadrar outros fatores, como por exemplo o tipo de vínculos laborais que essas empresas criaram. O que na análise do senhor ministro falhou, por exemplo, foi verificar que muitas das empresas instaladas com auxilio a muitos apoios públicos (local, nacional) e comunitários preenchem as linhas de produção com recurso a empresas de trabalho temporário, quando as necessidades das empresas vão muito além dos contratos mensais renovados automaticamente.

Se Viana melhorou assim tanto a nível económico, como continua a apresentar níveis de cidade interior? 

[166] Ficar em casa

Depois do que aconteceu na noite de 11 de maio de 2021 sugiro aos empresários de restauração, promotores de festivais e demais eventos culturais, presidentes de comissões de festa e outros envolvidos em negócios que necessitam de clientes desconfinados, que reconsiderem alterar o nome dos seus eventos para algo como:

1. Romaria d’Agonia Verde e Branca
2. Festival Violinos de Paredes de Coura
3. Art’Beer Festa Verde
4. Campeonato do Minho de Natação João Vieira Pinto
5. Neo Jardel Pop
6. Festival Vilar de Mouros (este não necessita de adaptação. A sul do rio Neiva são todos mouros…)
7. Festa do Alvarinho e do leão fumado
8. Bienal de Artes de Cerveira dedicada a artistas que após nascerem vivenciada o primeiro título nacional do Sporting.
9. Aos donos de restaurantes e bares que estiquem um cachecol verde e branco à porta. Se a inspeção passar, informem esperaram 19 anos para celebrar.
10. O regresso das discotecas com as noites “5 Violinos”.

Num país civilizado, as aglomerações de pessoas teriam sido corridas a canhões de água. Num país como o nosso tapam-se os olhos e ainda se faz alarido porque foram utilizadas balas de borracha. Num país em que a justiça e a lei prevalecem, os prevaricadores são punidos. Espero, sentado, que os promotores (Liga, FPF e Sporting) do triste espetáculo popular que ontem aconteceu sejam exemplarmente punidos. 

Por fim, uma nota de apreço a todos os sportinguistas que souberam ficaram em casa. Para o ano merecem, mais do que qualquer outro adepto, festejar um título condignamente. 

[165] Manuel

Quando Manuel nasceu, o mundo vivia na ressaca da II Guerra Mundial. Salazar estava há 18 anos no poder. A educação obrigatória era o ensino primário, onde aprendeu e ainda se recorda dos rios, dos reis de Portugal, das linhas de caminho-de-ferro e outros conhecimentos que à época ensinavam às crianças. Viu a eletricidade chegar à sua rua, em Vila de Punhe.

Desde sempre trabalhou, começando cedo na arte da trolhice. Foi um dos 800 mil que Portugal mandou para o Ultramar e esteve em Angola dois anos e oito dias. Testemunhou a revolução de Abril, casou e teve dois filhos. Viveu intensamente as transformações sociais e políticas do pós-25 de abril e procurou sempre dar as condições que nunca teve. Foi pai mais duas vezes, já com Portugal na Europa. No início da década de 90 emigrou para França, onde esteve dois anos.

Fiel ao bigode, não foi à Expo98 e antes do novo milénio chegar, o primeiro Ribeiro terminou o ensino superior. Atravessou várias crises económicas, mas a de 2008 foi mais forte do que ele. Apesar das Novas Oportunidades, o telemóvel continua a servir apenas para chamadas e o computador para os filhos usarem. Reformado, a terra e o que nela cultiva é a sua terapia. Avô de duas princesas, voluntário associativo, catequista de muitas crianças e jovens, adepto fervoroso do Neves FC.

Hoje o meu pai está de parabéns. Tive de abrir uma calculadora para confirmar o cálculo mental. Sim, são 71 anos! “A vida é um ciclo”, e tu completas mais um.

[164] Instituto de Ciência e Tecnologia Marinha

Viana do Castelo é uma terra com histórica ligação ao mar, ao rio e às atividades associadas. Da pesca ao turismo passando pelasC mais recentes apostas nos desportos aquáticos e nas energias renováveis. Desde que o Mar voltou a merecer ter nome num ministério, a câmara municipal tem procurado aproveitar a moda, procurando e apoiando investimentos relacionados com a água. 

Esta semana, a importância do mar voltou a ser realçada, com a autarquia a estimar “um investimento público e privado de 500 milhões de euros e a criação de mil postos de trabalho na próxima década com a agenda da economia do mar”. O autor da estimativa é o presidente em final de mandato José Maria Costa, falando numa conferência de imprensa realizada por videoconferência para anunciar o início da elaboração da Agenda “Viana do Castelo-Retoma através do Mar”.

José Maria Costa apontou alguns exemplos como o “investimento no centro de inovação e valorização do território, um interface entre as universidades e as empresas, a ampliação da aposta nas energias renováveis oceânicas, na construção e reparação naval, pesca, na aquacultura, terminal de cruzeiros e desportos náuticos”.

A Agenda “Viana do Castelo-Retoma através do Mar” vai ter “uma forte componente participativa e técnica para que o documento seja robusto”.

Para a elaboração desse documento a autarquia deveria entrar em contacto com a Universidade do Minho, que na semana passada chegou a acordo com a câmara municipal de Esposende para a instalação do Instituto Multidisciplinar de Ciência e Tecnologia Marinha, na Estação Radionaval de Apúlia. 

Depois de “perder” um pólo aquando da abertura da Universidade, Viana do Castelo volta a meter água, e logo numa área com histórica ligação. Sobra tentar o que Daniel Campelo recentemente escreveu: a fusão do IPVC com a UM. Viana continua a ser o palco ideal para a investigação e estudo das tecnologias relacionadas com a indústria pesqueira e naval.