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[163] Superliga de Viana

O futebol mundial foi abalado com o anúncio da intenção de 12 clubes europeus criarem uma Superliga. Uma competição dinamizada por estes, com mais três por anunciar. A FIFA e a UEFA vieram prontamente a terreno denunciar esta competição, ilegal na óptica deles, ameaçando com expulsões e proibições. Entretanto, seis dos 12 já se retiraram de cena. Uns acreditam que se deveu à pressão dos adeptos e das manifestações destes. Acredito mais depressa que isso se deveu a questões legais. Quem quer saber dos adeptos, no futebol contemporâneo. Veja-se o que se passa no Alto Minho e nos clubes associados na Associação de Futebol de Viana do Castelo. 

Primeiro foi a incerteza do início do campeonato. Segue-se a incrível novela (que se arrisca a bater o número de episódios de “Anjo Selvagem”) em redor das eleições para os órgãos sociais. Com a desculpa da pandemia a marcação das eleições tem-se arrastado. Entretanto, FC Porto, SL Benfica e, pasme-se, até Portugal já elegeram os seus presidentes. 

Antes da AFVC interromper os campeonatos, por altura do regresso do estado de emergência, alguns clubes não quiseram ir aos jogos agendados. A 31 de março a sensatez do Correlhã foi “premiada” com a divulgação do Processo Disciplinar n.º 03/20/21. Além da derrota por falta de comparência somaram-se as despesas de 306 euros para multa e o pagamento da arbitragem e dos custos do processo. Isto para uma semana depois a AFVC lançar o Comunicado n.º 53, com data de 7 de abril, em que informa que a direção deliberou: “Concluir sem quaisquer efeitos as provas Distritais que se encontram em curso” e, obviamente, “na presente época 2020/2021, não haverá descidas de divisão”. 

No terceiro ponto das deliberações, a AFVC lança o que pode bem ser batizado de… Superliga de Viana! 

“Conceder aos Clubes filiados, até ao próximo dia 12 do corrente mês (segunda-feira), a possibilidade de demonstrarem interesse em participar nas competições facultativas a realizar por esta AFVC para apuramento dos Clubes a subir ao Campeonato Nacional de Seniores, a disputar a Taça de Portugal da próxima época e a subir à 1.a Divisão Distrital”.

Lança-se a ideia, espalha-se a confusão e depois… logo se vê. O regulamento, que deveria ter sido o primeiro documento a ser divulgado entre os clubes depois desse comunicado, será feito depois de se conhecer quem quer ir a jogo.

Tudo isto vai acontecendo debaixo do guarda-chuva da Federação Portuguesa de Futebol. 

O futebol foi abalado com a Superliga Europeia. Li muitas reações de adeptos de futebol, que vivem no Alto Minho. Que bom seria se, pelo menos metade deles, tivessem a mesma atitude em relação ao que se tem passado, diante dos seus olhos, nos últimos meses em relação aos clubes das suas freguesias, vilas e cidades. 

[162] A ver passar comboios e conventos

1. A 25 de abril de 2021 a Linha do Minho entra finalmente no século XXI. Depois do desaforo do ramal de Braga ter passado a principal, no pré Euro2004, quase 20 anos depois fica reposta alguma importância no que ao transporte ferroviário diz respeito entre Campanhã a Valença. 

Recorde-se que entre o futebol e o desenvolvimento económico e social do Norte do país, preferiu-se o futebol. Entre facilitar a ligação do porto de Leixões e Viana com Pontevedra e Corunha por meio ferroviário, preferiu-se levar adeptos a Braga e Guimarães. 

Muitas coisas podem justificar a estagnação do distrito de Viana do Castelo em detrimento do vizinho. A ligação ferroviária e o futebol serviram e servem para compreender e aferir as diferentes “velocidades” de desenvolvimento do Minho.

2. Nalgum momento, durante o ano, alguém se lembra do convento de São Francisco do Monte. Como no verão, quando muitos se queixam das áreas por limpar na floresta. A legislação criada depois da tragédia de Pedrogão tem ajudado a minorar o problema da limpeza florestal. Será necessário uma tragédia para que os proprietários de imóveis devolutos arranjem uma solução? Quantos mais quadros comunitários e apoios europeus vai o Instituto Politécnico de Viana do Castelo deixar escapar para dar um destino ao convento de qual é proprietário há vinte anos?

[161] Prémios e selos europeus

Estourou a polémica sobre os prémios no turismo com a declaração de Elidérico Viegas, agora ex-presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), em que os classifica como “prémios comprados”. No distrito vizinho Ricardo Rio está debaixo de fogo. Por Viana do Castelo, uma cidade com distinções acumuladas durante os últimos anos, nada se ouve, escuta ou lê.

Esta situação fez-me pensar na candidatura Cidade Europeia do Desporto e de quem a promove. Este reconhecimento é atribuído pela ACES Europe, uma associação sem fins lucrativos localizada em Bruxelas, que promove anualmente o reconhecimento da capital mundial, europeia, regional, cidade, ilha, comunidade de desporto. Tanta distinção fez-me recordar outras cidades do desporto que Portugal já teve. Não deve ser por acaso que a ACES já tem uma representação em Portugal. A necessidade nacional neste tipo de validações exteriores leva a que os mais astutos procurem na vaidade autárquica um filão económico a explorar. 

A ACES Portugal já nem coloca interessados a competir entre si, aceitando apenas uma candidatura por ano. Viana vai na segunda tentativa. Em 2022 perdeu a corrida para Leiria. Se a Viana não for atribuída a distinção, algo de muito errado terá se passado. 

Por isso, mais do que a distinção ou o selo de “Cidade Europeia do Desporto 2023”, importa definir uma estratégia para o desenvolvimento do desporto no concelho que vá além de um carimbo dado por uma associação de Bruxelas. Não é para isso que se criou um conselho municipal?

Se é para ser capital/cidade de alguma coisa, que seja com o selo da União Europeia e que reconhecidamente acrescente algo ao desenvolvimento da cidade, concelho e distrito, como por exemplo: Capital Europeia da Cultura. Mas sobre isso, nada se ouve, escuta ou lê.

[160] Um candidato (in)esperado

O PSD lança para a conquista da autarquia socialista, desde 1993, Eduardo Teixeira (ET). Depois de nomes fortes terem recusado, de âmbito nacional como Santana Lopes ou regional como Rui Teixeira, antigo presidente do IPVC, o PSD anuncia ET, deputado da nação, candidato derrotado em 2013. 

Depois de ter desperdiçado quatro anos de oposição, pensei, nestes meses prévios ao anúncio, que o PSD iria apostar forte na conquista da capital de distrito. Errei. 

Depois do “circo” que foi o processo autárquico há quatro anos, em que o PSD apresentou duas listas para a Assembleia Municipal, pensei que desta vez os sociais-democratas iriam aproveitar a limitação de mandatos no PS para apresentar um nome com capacidade mobilizadora e que fizesse os muitos vianenses cansados do regime socialista em alterar o voto. Errei.

Frente a um candidato que está em campanha há quatro anos, o PSD aposta em alguém pouco consensual, quer no partido como na sociedade do concelho, num deputado “apagado” e com um anterior mandato de vereador caraterizado por uma oposição de conflito em detrimento de alternativa construtiva.

Num ano em que países conseguiram colocar sondas na órbita de Marte, o PSD demonstra viver noutro planeta, apostando num nome que permite a Luís Nobre dormir descansado quanto à sua eleição. Se tal não acontecer, a responsabilidade será apenas e só dele.

[159] As cadeiras do Coliseu

Com tanto tempo passado em casa, haverá quem sinta nostalgia em recordar a dor de costas que as cadeiras do Centro Cultural de Viana do Castelo provocam, quando delas tem de se servir para assistir a um espetáculo sentado naquele espaço “multiusos”. 

Porque vos trago à memória as cadeiras do que era para ter sido batizado de Coliseu? Por causa da apresentação da Praça Viana (nome curioso, este ein!), o novo espaço municipal que vai ser entregue à Escola Desportiva de Viana. 

Pois bem. Correndo o inevitável risco de escrever baseado naquilo que foi partilhado pela CS e redes sociais dos principais agentes envolvidos no processo, o texto e imagens que vi preocupam-me. Antevejo outro Coliseu ou outro pavilhão do Atlântico. 

DR

Por isso, não vou discutir o financiamento que a autarquia está a fazer de forma indireta a um clube só de 3,7 milhões de euros; se é um equipamento municipal, deve por princípio, estar disponível a todas as associações do concelho. Nem vou notar que em vez de projetos isolados, deveria ser apresentada a profunda remodelação que se espera e fala-se para aquela zona. Ao invés, primeiro “inaugura-se” o skate parque, começa a obra da Praça Viana e o resto… fica para as calendas autárquicas.  

Noto sim, que este equipamento é apresentado para também servir de apoio a Viana, Cidade Europeia do Desporto em 2023, e não consigo compreender como não pode estar preparado para receber (tele)espetadores. 

A não ser que a imagem divulgada esteja errada, o espaço tem previsto uma (!) bancada de dimensões e enquadramento dúbio. Já qualquer transmissão televisiva estará condicionada aos locais que as equipas de transmissão consigam “inventar”, para conseguir utilizar mais do que três câmaras. 

José Maria Costa dizer que este espaço se destina “à prática desportiva”, admitindo a sua utilização para eventos culturais, só faz sentido em Viana, o concelho que privilegia cadeiras a (tele)espetadores.