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[158 ] O sr. Jorge e sr. Albano

Ao Clube de Futebol Nogueirense devo a minha breve carreira no mundo do futsal. Durante uns anos dei uns pontapés na bola e até ganhei uns títulos. Mas, o mais importante desses anos foram dois homens que estiveram lá do primeiro ao último passe. 

Feitos de uma fibra que tende a desaparecer, estes dois senhores dedicaram anos da sua vida em prol de dúzias de rapazes com mais ou menos jeito para o futsal, ajudando-os de forma desinteressada em festejar golos. 

Do transporte para treinos e jogos, a encher garrafas de água ou tratar de equipamentos, fazer sanduíches ou pagar um lanche numa viagem mais longa, foram muitos quilómetros partilhados em que nós fazíamos o que mais gostávamos, graças a eles. 

Hoje, o desporto está parado em Portugal. Vê-se uma luz ao fundo do túnel. Quando regressar colocam-se duas opções. Ou as associações e clubes que se dizem amadores conseguem fazer regressar este tipo de dirigentes ou estão condenados a assumir, de uma vez por todas, o seu novo papel de empresas desportivas, na lógica do utilizador-pagador. 

[157] Candidatos e eleições

O nome que é apontado desde a noite da reeleição para o último mandato de José Maria Costa foi finalmente confirmado. Luís Nobre é o candidato à autarquia vianense pelo PS. Depois de um presidente que entrou para a autarquia em 1994, o Partido Socialista de Viana do Castelo demonstra quão bem o aparelho está oleado, ao indicar o vereador há 16 anos. Pelo andar da carruagem, Carlota Borges será candidata, daqui a 12…

Entretanto, o PSD continua na habitual indefinição. Só um nome forte o salvará. A menos de oito meses das eleições, a única certeza é de que os anos de oposição, em que podiam ter demonstrado ser alternativa, foram desperdiçados, em contraponto com a máquina eleitoral socialista, que desde cedo começou a dar protagonismo na comunicação a Luís Nobre.

Todavia, em termos de eleições prefiro destacar outro ato eleitoral. Aquele que deveria definir os novos órgãos sociais da Associação de Futebol de Viana do Castelo. Ainda sem data marcada… Sobre este assunto, recordo “Um Café na Praça”, publicado no Jornal Alto Minho a 17 de dezembro de 2014.

<< Algures entre as 16h10 e 16h20 da última sexta-feira, dia 12 de Dezembro, foi publicado no site da Associação de Futebol de Viana do Castelo “Para conhecimento dos Clubes filiados, Órgãos de Comunicação Social e demais interessados” uma Assembleia Geral – Acto Eleitoral para os Órgãos Sociais da AFVC, para o dia 15 de Dezembro.

Com a data de 10 de Dezembro, este foi o único edital a ser divulgado. Pelo menos, quando perguntei ao funcionário da AFVC, ao início da tarde de sexta-feira, sobre quando seriam as eleições e onde estavam os editais, este respondeu-me que seriam “segunda-feira e que o edital estaria na internet dali a nada”.

Estranho! Deve ser a primeira associação que conheço que anuncia umas eleições, através de edital, na tarde de uma sexta-feira, para um acto eleitoral na segunda-feira seguinte. Mais, o edital estava assinado no dia 10, mas apenas foi divulgado no dia 12. Porém pensei, se assim o fazem é porque os Estatutos assim o permitem. Todavia, para tirar a teima, fui consultar os Estatutos que se encontram disponíveis no site da associação. Datados de 2011/2012 abri o pdf.

Do que li quero destacar alguns artigos e pontos. O artigo 13.º versa sobre o Mandato os órgãos sociais. Informa que “Em regra, é de quatro anos o período de duração do mandato dos membros dos órgãos da AFVC, coincidente com o ciclo Olímpico.”. Já o artigo 15.º informa no ponto 1 que “Os titulares dos órgãos da AFVC são eleitos pela Assembleia Geral, por sufrágio directo e secreto (…)” e no ponto 2 que “A Mesa Eleitoral será constituída pela Mesa da Assembleia Geral”. No artigo 28.º fica esclarecido que “As reuniões da Assembleia Geral são convocadas por escrito dirigido a todos os Clubes participantes, por correio ou via electrónica, com, pelo menos, oito dias de antecedência, mencionando-se no aviso convocatório o dia, hora, e local da reunião e a respectiva ordem de trabalhos.”. Por fim, o artigo 60.º indica, no ponto 1, que os “actuais órgãos sociais exercem o seu mandato integral, o qual termina em Junho de 2014.” e no ponto 2 que “Para cumprimento do disposto no n.º 1 do Artigo 13.º dos presentes Estatutos, os dois primeiros mandatos dos órgãos sociais eleitos ao seu abrigo terão, excepcionalmente, a duração de três anos.”

Esta breve leitura permitiu-me tirar algumas conclusões. O artigo 13.º só entra oficialmente em vigor no próximo ciclo Olímpico, visto que o ponto 2 do Artigo 60.º assim o determina. O artigo 15.º informa que os órgãos sociais são eleitos pela Assembleia Geral e o artigo 28.º indica que essas Assembleias são convocadas “com, pelo menos, oito dias de antecedência”. Ora, se a convocatória da Assembleia Geral – Acto Eleitoral do dia 15 de Dezembro só está assinada no dia 10, os Estatutos não foram cumpridos. Não sou jurista e de leis pouco entendo, porém costumo saber interpretar o que leio. Da leitura que fiz dos Estatutos, estes não foram cumpridos. Por fim, o artigo 60.º que indica que o mandato dos órgãos sociais terminou em Junho. Porém, estamos em Dezembro e só agora se realizaram as eleições. Porquê? (…)>>

O que queres ser quando fores grande? [156]

No podcast “Café na Praça” o mote para a conversa está na questão: <<Quando eras criança, o que querias ser quando fosses grande?>>

Entretanto uma amiga enviou-me a resposta de Michelle Obama, partilhada no livro Becoming.

“Quando era pequena, tinha aspirações simples. Queria ter um cão. Queria uma casa onde houvesse uma escada – dois andares para uma só família. E, sabe-se lá porquê, queria uma carrinha de quatro portas em vez do Buick de duas portas que era a menina dos olhos do meu pai. Costumava dizer a toda a gente que quando crescesse seria pediatra. Porquê? Porque adorava estar rodeada de crianças pequenas e depressa percebi que era uma resposta que agradava a adultos. Oh, Medicina! Que bela escolha!

Naquela época, eu usava o cabelo apanhado dos dois lados, mandava no meu irmão mais velho e conseguia, sempre e em qualquer circunstância, ter a nota máxima na escola. Era ambiciosa, embora não soubesse exactamente o que me propunha atingir.

Hoje em dia considero que se trata de uma das perguntas mais inúteis que um adulto pode fazer a uma criança: <<O que queres ser quando fores grande?>> Como se crescer fosse finito. Como se a dada altura nos tornássemos algo, e isso fosse o fim da conversa.”

Crescer não é finito. É esse o mote para o Café na Praça. É o início da conversa com as gentes do Alto Minho.

Lá está tal coisa [155]

“Lá está a tal coisa.” Quatro dia após ter completado 91 voltas ao sol, o chefe Rego partiu para o eterno acampamento. Ele que tantas vezes anunciou: “A Norte, a Sul, a Este e a Oeste declaro aberto este Fogo de Conselho”.

O CNE na Meadela celebra 50 anos. Centenas de rapazes e raparigas tiveram o privilégio de passar pelas suas mãos. Aprender com o seu exemplo, dedicação e espírito de serviço. Por isso, partilho algumas memórias com ele… 

Quando passei para explorador foi com ele que o meu grupo se preparou para os “juniores”. Escolheu o Diogo para guia de uma patrulha que foi baptizada de Falcão. A mim encarregou-me de guiar a outra patrulha, que escolhemos ser Leão. As reuniões decorriam no auditório, com o Escutismo para Rapazes a orientar. A terminar uma partida de futebol, em que ele era o árbitro. A bola bateu no portão? Amarelo… 

Um ano antes desafiou-me a entrar na fanfarra. Na véspera da procissão em Santa Marta perguntou-me se no dia seguinte queria levar a bandeira do agrupamento. O meu “Sim” levou-me a partilhar com ele quilómetros a marcar passo. Primeiro à sua frente, abrindo as procissões com a bandeira, depois na última fila das caixas e por fim voltando para perto dele nos timbalões. Um dia o Malhado e o Flávio faltaram e experimentei o seu estimado bombo. 

Fiz parte de um grupo ímpar do escutismo na Meadela. Fiz a minha promessa de caminheiro conjuntamente com 20 colegas e amigos. Mais de 10 continuaram após a Partida no agrupamento a servir e com cinco fiz o CIP, curso que ele fez questão de me inscrever. Se não o tivesse feito naquela altura provavelmente nunca me teria investido, em setembro de 2013, dirigente.

Em novembro de 2017 fui nervoso conversar com ele num sábado. O assunto era novo. Para ele e para mim. Nessa tarde informei-o que ia candidatar-me a chefe de agrupamento. Ele reagiu, obviamente, surpreendido. Disse que contava que alguém tomasse conta do agrupamento, mas estaria mais inclinado para outros nomes, por exemplo o João Abreu . O João estava lá comigo e disse-lhe logo que não, isso não era para ele. O agrupamento escolheu, naturalmente, o Rui para chefe de agrupamento.  

Até que chegou a altura em que outra expressão dele fez sentido. “Primeiro está a vossa vida!”. E a vida profissional obrigou-me a escolher entre “ser” ou “estar”. Informei-o na festa de Natal que não iria pagar os censos, pois não queria “estar”. Para mim só faz sentido “ser”. A resposta dele: “Primeiro está a tua vida. Para onde vais viajar agora?”. Para os Emirados, respondi. Viajei. Regressei. Não consegui estar com ele. Voltei a voar. 

Há quatro dias fez 91 anos. Ficou a mensagem de parabéns no gravador de chamadas. Daqui a quatro dias é Dia de BP. “Lá está a tal coisa!”

A praça regressa

1. Três anos em que várias vezes escrevi em blocos de nota: Praça de Viana. Trinta e seis meses em que pensei e idealizei inúmeras formas de o continuar. Cento e cinquenta e seis semanas em que por este motivo ou aquele acabei sempre por adiar. Até hoje. Engana-se quem pensa que o reatar é uma reacção alérgica à pandemia ou fruto de resolução de ano novo. A Praça regressa porque na sua génese continua a estar algo que mantive: conversas ao redor de uma mesa num qualquer café sobre isto, aquilo, o tudo e o nada; a atualidade e as pessoas do nosso Alto Minho; e porque há tanto por contar, mostrar e concretizar. 

2. Entramos num ano repleto de desafios e demasiadas incertezas. A nível político, a presidência do Conselho Europeu no primeiro semestre do ano não terá o peso que deveria ter no quotidiano. Portugal tem de lidar com o Brexit concretizado. Com a bazuca. Com a Hungria. Com uma União que voltou a ter fronteiras e que agora se reabitua a ter de confi(n)ar. Internamente há eleições a começar e a terminar o ano. Presidenciais e autárquicas. Haja humor para nos alegrar. 

3. Além de textos, há som, há video e outros conteúdos para partilhar. Vá acompanhando, saboreando um café.