2018.04.25

Abril está quarentão. A atravessar uma crise de meia idade. Clara. Notória. Triste. Os filhos da revolução controlam os destinos do país que construíram e moldaram. Mas… Abril não se cumpriu nem se está a cumprir.

Há medo. Há receio. De ter opinião! Pública.

Principalmente quando se colocam em causa decisores políticos. Porque a empresa, associação ou outra agremiação está dependente daquele sim, daquela autorização, daquela decisão. E quando menos se espera e de quem menos se espera ouve-se: não posso comentar pois preciso da junta, da câmara, do que for; por causa da empresa, da associação, da agremiação.

A pior consequência de Abril foi criar nas pessoas uma falsa sensação de liberdade. Se antes a privação de liberdades era pública, hoje é praticada de forma velada, sob a forma de subsídios, prestações de serviço e contratação pública.

Impavidamente a comunicação social, amordaçada e riscada sem ser a azul, falha na sua missão, subjugada e castrada na sua honra. A ética e deontologia são figuras abstratas, onde a necessidade de audiências e visualizações justifica títulos desajustados, notícias que não o são.

Abril é quarentão. Já sente saudades de quando era criança.

25 Abril 2018
foto: JDR

Café na praça: A zero vírgula setenta e cinco da perfeição [152]

Quando a notícia coloca “política” e “cumprimento” em destaque… é de estranhar! A junta de freguesia de Alvarães congratulou-se por ter conseguido concretizar 99,25 por cento do que tinha planeado para 2016. De acordo com o relatório e contas aprovado na última Assembleia de Freguesia, a previsão seria de gastar, em despesas correntes e investimento 325.000 euros, tendo sido aplicados 322.565,56 euros.

Ora, este cumprimento do planeado só é notícia porque quase equivale ao homem morder o cão, de tão insólito que é um executivo mandatado pela população cumprir aquilo a que se comprometeu e, imagine-se, respeitando o orçamentado.

Com este trabalho, Fernando Martins arrisca-se a ver a sua recondução dificultada pois se há tema delicado entre políticos é o cumprimento de datas, metas e orçamentos. Decerto já alguém lembrou ao presidente de junta de Alvarães que a dívida é para gerir e os orçamentos apenas servem para anunciar aumentos de investimento. A parte do cumprir… logo se vê.

Café na Praça: Venham mais Galas [151]

Tiago foi nomeado embaixador do desporto de Viana do Castelo. Após anos e anos a ser esquecido, finalmente a cidade começa a reconhecer neste futebolista o mérito que ele conseguiu sem o apoio das forças viva do concelho, e depois de ter sido distinguido como cidadão de mérito. Recorde-se que o atleta foi dispensado do Vianense e reaproveitado em Âncora, tendo a partir daí trilhado um caminho ímpar de sucesso, no panorama concelhio. Volvidos 22 anos de se ter sagrado campeã do mundo de maratonas, após o baptismo de um estádio, o patrocínio anual de uma prova, um livro e outras distinções, ainda parece adequado distinguir Manuela Machado com o prémio “Homenagem do Município de Viana do Castelo”. São critérios. Distinguir é também ser-se injusto. Por isso tem de se estabelecer regras claras, objectivas e devidamente divulgadas. Nenhum destes aspectos foi tido em conta, num regulamento que não foi cumprido, por exemplo, na composição do júri, que foi apenas conhecido na Gala, e onde por exemplo um dos elementos indicado como jornalista não possui carteira profissional nem está ligado a um jornal/rádio/televisão mas antes a uma produtora que pretende promover a terra. Na Gala foram conhecidos os vencedores dos oito prémios mas… não foram divulgados os atletas que estavam “nomeados” para os mesmos. “Esquecimentos” foram vários mas há um que não entendo: Jorge Mendes. Esta foi a primeira Gala. Pode-se sempre dizer que por esse motivo ocorreram alguns equívocos. Não concordo. Pois foi co-organizada por uma empresa, por valores ainda por conhecer, sediada em Barcelos. Este evento era uma intenção da autarquia de há vários anos pelo que deveria estar melhor preparado. Contudo, basta uma simples navegação pelo website do município para constatar que nem os contactos das associações e clubes desportivos do concelho estão actualizados. Todavia, esta Gala merece continuar e ocupar um lugar de destaque no ano de Viana do Castelo. Os ecos que dela soaram indicam que foi um agradável serão de valorização e incentivo para que o desporto ganhe ainda maior importância no dia-a-dia de Viana do Castelo. Quem sabe esta iniciativa sirva de mote para outro tipo de eventos. Porque premiar o desporto e os seus praticantes é algo fácil e até está na moda nos diversos concelhos. Mais interessante seria romper o marasmo e distinguir agentes culturais, recreativos, educativos, empresariais e de tantas outras áreas que valorizam e fazem crescer a “chieira” vianense.

Café na Praça: Café numa nova Praça [150]

A Praça nunca teve um espaço físico. Era a minha, a da sua freguesia, vila ou cidade. Para uns a Praça tinha um chafariz, para outros uma estátua e para muitos apenas uma placa toponímica que batizava aquele espaço mais largo como “Praça…”. Como nunca teve nome, a Praça fazia sentido quando estava acompanhada pelo café. Porque é neste comportamento tão português, que muitos dos nossos dias são passados: em cafés a conversar. O “Café na Praça” nasceu nas folhas do jornal AltoMinho, mas passa agora para as páginas virtuais. Os 148 cafés que publiquei no jornal nunca os disponibilizei on-line, pois eram produzidos para serem lidos no jornal, onde muitas vezes a própria edição enquadrava melhor a opinião. Para mim não fazia sentido replicar o Café fora do jornal. Agora, neste novo espaço, a ideia mantém-se e apenas nesta Praça irei publicar as palavras, sabendo, porém, que estarei mais exposto à partilha, à leitura, à crítica. Por isso, esclareço já algumas ideias. Este Café na Praça não tem periodicidade definida e é apenas da minha responsabilidade. No distrito verifica-se uma escassez de espaços que potenciem a discussão. Muitas vezes as opiniões não têm espaço ou são condicionadas. Esta Praça está aberta a quem nela quiser entrar, para conversar e partilhar ideias, seja em forma de comentário ou através de textos assinados, que a seu tempo podem tornar-se tão habituais como beber um café…