Abril está quarentão. A atravessar uma crise de meia idade. Clara. Notória. Triste. Os filhos da revolução controlam os destinos do país que construíram e moldaram. Mas… Abril não se cumpriu nem se está a cumprir.
Há medo. Há receio. De ter opinião! Pública.
Principalmente quando se colocam em causa decisores políticos. Porque a empresa, associação ou outra agremiação está dependente daquele sim, daquela autorização, daquela decisão. E quando menos se espera e de quem menos se espera ouve-se: não posso comentar pois preciso da junta, da câmara, do que for; por causa da empresa, da associação, da agremiação.
A pior consequência de Abril foi criar nas pessoas uma falsa sensação de liberdade. Se antes a privação de liberdades era pública, hoje é praticada de forma velada, sob a forma de subsídios, prestações de serviço e contratação pública.
Impavidamente a comunicação social, amordaçada e riscada sem ser a azul, falha na sua missão, subjugada e castrada na sua honra. A ética e deontologia são figuras abstratas, onde a necessidade de audiências e visualizações justifica títulos desajustados, notícias que não o são.
Abril é quarentão. Já sente saudades de quando era criança.
